terça-feira, 30 de setembro de 2008



Mais uns parênteses a duvidar
e explicar que João não é Maria.
Em tuas saias enviar a hipocrisia
e no teu terno jorrar melodia.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008


Gardinga namorada de visigodo
faço de conta que nada sinto
e amarro tua gravata no meu cinto.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

sob aparências


mar escorregou em danças
tropel sanguíneo de saliva

na ponta do arpão solar.

assombra na montanha
um fio d’água a deslizar

rio que arrenega canção
afunda azulão estropiado.

mata cerrada nos pássaros
pios na madrugada farta.

face de células acanhadas
noites atrasadas na mente.

esporão maldito da fala.

brilho dos cílios da praia
plumas do desamanhecer.


quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Advenho depenada telepática, sem vinho sem amor avinhada. Hiroshima apátrida mórfica, aparecida estrondosa didática, carcerrática canção rósea atômica toda estúpida sem cor e morta. Radioativa cirrótica meu perfume, sem rosa imortal muda e rota. Meu perfume cálido hereditário. Anti nódulo e poderes alterados Firo a canção que ouço e explode. ... e tudo parece estar em paz!!!!!!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008


Caminho por linhas curvas,
desfilo pétrea meu desamor
ao sabor da estrada turva.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

BIOGRAFIA

Hoje a História me afoga,
vivo em Santos com um pé no passado.

Emprestou-me um braço Chico de Paula
e respiro poeira e barulho à beira do cais.

Hoje o bigode de Francisco de Paula Ribeiro,
rosto másculo que gerou minha avó e o cais,
traz-me ais de outros tempos. Hoje compreendo.

Compreendo o tempo de hoje e o de ontem menina, quando dormia no banco de madeira do trem Sorocabana,
no enlevo de outro avô verdadeiro e estafeta.

Hoje compreendo que a filha de Chico casou-se
com o Presidente da Cia Paulista da Estrada de Ferro
Paulista e na Avenida Paulista nasceu meu pai.
Em 1922. Hoje entendo porque sou poetisa.

Meu pai me sobrenomeou Freire de Carvalho
e em sua madeira construí uma vida baiana,
cigana da Carmen Real, filha de imigrantes
campesinos espanhóis que virou Goldschmidt
mulher do condutor de bonde, depois estafeta

(devido a um acidente, que lhe marcou a mão),

e que nas castanholas espremia nas mãos
o sangue espanhol. Hoje entendo meu sangue judeu
e também porque meu avô chorava ao ler a Bíblia.

Hoje compreendo porque Adão e Eva geraram
Abel e Caim e porque Noé salvou a terra.

E o meu nome é José e agora José? Mas nasci Maria
e numa procissão no dia em que nasci a senhora de Fátima desfilou sua bela imagem na rua do meu avô

e virei Maria José de Fátima Goldschmidt Freire de Carvalho, que não cabe num único verso de linha.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O peixinho dourado, idiota, ia e vinha. Sem saber que estava preso num aquário redondo e pequeno. As conchas estáticas eram observadas por meus olhos doentes. Pneumonia. Pudera! Fumei como doida a vida.
Amanheci querendo falar. Amanheci como sempre fui. Falante. Por sorte, sempre havia alguém por perto para me ouvir. Ouvir meu grito a abrir um caminho sob a terra, tal toupeira. O tempo inventado cada mais confluente nos meus dias. Um beijo me fez humana e insensata. Via cruzis! Cruxix! Cruzes! Vinho vermelho no meu sangue. Devedora de palavras. Estou com pneumonia. Pneuma de retratos passados. Faço de conta que a noite não virá. Bordo minhas letras neste papel de carta cor de rosa. Tirei este dia para ser vagabunda. Meu quimono de seda detonou tuas virgens japonesas. Eu aqui embriagada de Querubins.