quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Cheia de vontade

Cheia de vontade de correr pelas ruas,
Tomar chuva, beber o sol, comer neve,
Lamber o mar, quebrar os cálices,
Rodopiar até ficar zonza e me esquecer.

Cheia de vontade de voar nas nuvens,
Brincar na areia, colher pássaros,
Escorregar no óleo, inundar a terra,
Rasgar todos os meus versos e te morder.

Cheia de vontade de achar uma pérola,
Cortar o tempo, pular etapas, pintar o céu,
Misturar o arco-íris, fugir com os ciganos,
Cavalgar com os deuses e enlouquecer.

Cheia de vontade de gritar teu nome,
Conduzir o drama, caçoar dos peregrinos,
Roubar a seta do amor, perder a estrada,
Partir para sempre e conhecer outras luas.

Cheia de vontade de plantar uma vinha,
Explodir os muros, esquecer as palavras,
Raspar as tatuagens, ralar minh´alma,
Mergulhar na ventania e confundir o dia.

Cheia de vontade de crescer com os anjos,
Jogar sal nos quadros, pichar a noite,
Arrancar espinhos, torturar meu sangue,
Fazer de ti o conselheiro do meu deserto.

Cheia de vontade de nunca mais parar,
Nascer todos os segundos, me expatriar,
Doar todos os meus pertences, virar pó,
Ter em mim a calma, a errante madrugada.




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