quarta-feira, 19 de março de 2008

Nuvem

Foi buscar a menina perdida. Atravessou os mares sobre a água em forma de pássaro e atirou sua última pena nas mãos do invisível. Agora não tinha mais volta. Nem lembrava mais do rosto da menina. Temia a cor vermelha, pois sabia que jorrava sangue na terra. A solidão o acariciava. A vadia acenava. Ele pensava que ainda tinha menos do que trinta anos de idade, mas isso já ia longe. Muitos desertos havia em seu sêmen. Não. Não podia voltar. Continuar também o aprisionava. Enquanto isso a menina perdida brincava com sua boneca já crescida. Ao longe tocava uma sonata ao luar da moça cega. O compositor surdo imortalizara-se ao piano e o dia acabou como todos os dias acabam. Na escuridão da noite. Sem tantas estrelas mais. Por que será que uma menina de dezoito anos de idade suicida-se?

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